segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Como não amaciar o ego de uma mulher

No carro:
- NOOooossa, é ducarálhu ficar contigo!
Ela, muito triste pelo carro estar em movimento, adia os planos de se jogar pela janela e olha fixamente para frente, com um sorrisinho madeira, achando melhor acreditar que a frase foi um elogio.
No restaurante, antes da sobremesa:
- Tu é mais do que bonita. Gosto muito de ti como pessoa, tu é muito gente!
Ela, muito aliviada por ter alguém ao seu lado que não a aprecie como um picles, apenas pede a conta.
Na cama:
- Nossa, que cintura fina! Tirou uma costela?
Ela, frente à tamanha expressão de carinho, sente-se à vontade para eliminar um pequeno e silencioso flato, como prova de gratidão. Vingança também é um prato que se come em silêncio.
Em frente ao espelho, antes de sair para a festa:
- Nossa, que cabelão comprido! Mais um pouco e vira freira, ein?!
Ela, subitamente, tem cólicas inexplicáveis e resolve ficar em casa naquele dia. Na casa dela.
Ao telefone, depois da praia:
- E então, se torrou no sol?
Ela, feliz por ser comparada a uma galinha de vitrine, desliga o telefone e depois diz que estava entrando no túnel. Sim, na praia. Um túnel. Na praia. Ah, sabe como é... as ligações caem.
Após o banho, em frente à televisão, vendo um filme com a Julia Roberts:
- Gosto de mulheres assim, naturais, com o rosto limpo. Tu também estás de rosto limpo sempre, né?
Ela, preocupada em estar sempre impecável para ele, com seu rímel curvador, seu creme iluminador e seu corretivo hidratante, sente-se muito feliz por ser entendida como ela realmente é, por dentro e por fora.
Moral da história: a auto-estima das mulheres é moldada pela paciência, compreensão, ira contida e por desejos reprimidos de cometer atos criminosos inafiançáveis.



E depois de tudo isso, uns bons tratamentos estéticos, que ninguém aqui veio a passeio, bem!

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