domingo, 30 de dezembro de 2012

Reflexãozinha boba de final de ano

Nessa época de festas de final de ano, com o pessoal correndo atrás dos oráculos, das cartas, simpatias, dos búzios e afins, tudo pra saber como será o novo ano e quais as perspectivas de futuro em geral, acabei fazendo um link com coisas de meninos e de meninas. Não, não tem a ver com “meninos tem pênis e meninas tem vagina”. As diferenças transcendem o campo da biologia. Em específico, fiz um link com as coisas que só nós, as meninas, somos “capazes” de fazer.

Entre tantas coisas mirabolantes que culturalmente nos separam dos homens, essa busca pelo “sobrenatural” pra dar uma “luz” nos nossos caminhos, certamente é bem coisa de mulherzinha. Conheço pouquíssimos homens que apelaram pro sobrenatural, ou coisa parecida. Em compensação, é difícil não topar com uma mulher que já não tenha pedido socorro pro além.
Não estou falando de fé. Estou falando de farofada mesmo. Indiada da braba!
Cartomante. Quantos homenzinhos aí do outro lado já foram em uma? Ok... Plateia não se movimenta muito. E as mulheres: quantas aí já foram pra uma “partidinha” de tarô? Huuummmm... Vejo muitos bracinhos levantados. Alguns tímidos, outros beeeeem efusivos.
Juntar a mulherada pra ir numa cartomante, ou pra fazer uma sessão de reiki, ou, simplesmente, pra tomar um passezinho... É muito programa mulherzinha! E veja bem: programa muito democrático, pois abrange todas as faixas etárias. É bem bom juntar uma turminha e ir numa sessãozinha, nãm?! Agora, quando em vida que vamos ouvir um homem falar pro outro: - Ô, meu, tem uma cartomante lá perto de um brother meu que é muito boa, cara. A gente tem que ir uma hora. Vamos avisar o Paulão, ele tava procurando uma pra ir. Combinamos e simbora junto lá consultar?
Nunca.
Se acreditamos nas cartas? Não. Às vezes não. Mas não custa (muito) ver o que elas nos dizem, nãm? Eu, por exemplo, sou do tipo que vou desacreditando, duvidando, testando... Mas vou. Quantas vezes já fui, assim, nesse descrédito? Algumas várias... Mais de meia dúzia, com certeza! Ui, contabilizando aqui... Quantos pilas já gastos em carteados, ein?!
E que homem faria isso tão assiduamente? Gastaria $$ pra ouvir coisas que já sabe de si mesmo, ou para talvez, quem sabe, antever coisas da sua vida, que nem tem data precisa pra acontecer, ao invés de comprar um engradado de ceva e jogar uma bolinha com os amigos? 0,00000002%, eu diria.
E não são só as cartomantes. Nós, as mulherzinhas, visitamos as aplicadoras de reiki, as sensitivas, vamos aos centros espíritas, aos centros religiosos, aos astrólogos, numerólogos...
E digo mais: não importa onde estão essas pessoas, nós vamos. Nada é impossível quando uma mulher está motivada a alcançar o desconhecido.
Alvorada? Fui. São Leopoldo? Logo ali. Está calor, é noite, o lugar é ermo, tem que pegar duas conduções pra ir e duas pra voltar? Uma ou duas horas de espera para entrar na sala e ficar apenas 30 minutos na consulta? Gastar gasolina adoidado, porque o chalé de madeira sem número onde a tia do passe atende fica numa rua sem saída? Tudo vale a pena.
Não tem empecilho que segure uma mulher na hora da conversa com o além... E nós acreditamos nisso? Não muito... Ah, mas não custa (muito) ir, né?!
Definitivamente somos mais do que a diferença entre XX e XY. Somos um abecedário de diferenças. Homens e mulheres.
A última cartomante que fui, disse que vou achar um homem bem parecido comigo... Será que ele vai gostar “jogar” um tarozinho também?
 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Conspiração dos relacionamentos

Dia desses, quando eu deveria estar estudando, achei uma pérola do conhecimento na WWW. Trata-se de um texto que instrui as pessoas a “dar foras” nos seus peguetes. Vamos às táticas sugeridas pela matéria, aqui apresentadas de forma resumida:

Ignore – faça a egípcia e finja que não é com você;

Suma – tente sumir por um tempo; talvez essa atitude faça a pessoa esquecer-se de você;

Maltrate – seja frio, egoísta e seco;

Mate as esperanças – a ordem é curtir a vida por aí; apareça cada dia com uma pessoa diferente;

Enlouqueça – essa é a mais legal de todas (palavras da matéria, não minhas), que tal fingir que você endoidou?

Não vou fazer aqui a hipócrita e dizer que nunca pus em prática nenhuma dessas categorias. Ou, talvez, todas... E, obviamente, como o karma manda, também já fui alvo delas – certamente de todas. Mas é chegada a hora de evoluir, não é?
Daí, eu converso comigo mesma e chego à conclusão de que o ser humano é criativo mesmo, nãm?! Uma frase curta, sincera e direta, do tipo: “olha, não está dando certo, acho que não devemos mais ficar, ok?”, não seria menos perversa e causaria menos danos mentais nas pessoas? Isso saiu de moda, ou nunca entrou?

Sinceramente, acho que quem controla tudo isso é uma grande rede oculta de psicólogos, psiquiatras e terapeutas afins. Só assim pra justificar o aumento do patrimônio deles, em relação inversa ao meu sucesso na vida amorosa!


segunda-feira, 16 de julho de 2012

Meu caráter foi moldado pela dor


Amo meu estado, o Sulllll, mas ele tem o clima errado pra mim - quase nada umbigocêntrica... Embora eu odeie o frio – leia-se que estou no período de mau-humor constante nesses últimos dias, fato que se estenderá até setembro –, tenho de admitir que no verão os pés sofrem mais: não há calçado que não machuque quando os pés começam a inchar (ê, assunto de veia). Quando a gente é mais novinha, nem se dá conta, porque mete lá um tênis ou uma havas. Mas quando viramos adultinhas, haja sandálias e sapatos para revezar – looonge de querer convencer a homarada de que essa é uma das prováveis causas da fixação feminina por comprar sapatos; a gente compra porque é bom mesmo! Enfim, cada dia um machucado em um lugar do pé.

Ainda como resquício do verão, numa dessas trocas de curativos dos machucados de guerra, lembrei que quando eu era criança não tinha essa de colocar curativo no machucado sem antes usar o: MERTHIOLATE! Para machucados mais superficiais, um Mercuriozinho básico resolvia. Mas, para curar o buraco deixado pela tampa do joelho que ficava na areia depois do tombo de patins: só o bom e velho Merthiolate. Puataquépareo, como doía! E além do líquido em si ser dolorido, ainda tinha aquela pazinha maldita que a mãe apertava bem deeeentro do machucado, pra depois contaminar bastante todo o vidro de Merthiolate.

E o “atentado” – como parte da minha família chama uma criança hiperativa – até deixava de fazer merda só pensando no Merthiolate que vinha depois. Presta atenção na função repressora educativa na infância da pessoa que o Merthiolate desempenhava!

E, como o fluxo do pensamento é rápido e o barato é louco, uma coisa puxa a outra e já me lembrei que, vez ou outra, dependendo da “arte” que a criança fazia para merecer o tratamento do Merthiolate, ainda tinha a chinelada. Quem nunca apanhou por sílaba aí?! “Ô-gu-ri-a-tu-não-faz-mais-ar-te-já-te-fa-lei-não-fa-lei?” Cada sílaba, uma estalada de chinelo na bunda. Nem preciso dizer que sempre fui boa em português...

E como fechamento da sequência de ensinamentos construtivos da infância, é quase impossível não lembrar que a qualquer sinal de soluço vinha a famigerada frase: e não chora! Meodeozzzz, me diz como é que uma criança que foi torturada com Merthiolate, chineladas e uma separação de sílabas errada não vai chorar? O que nossos pais tinham na cabeça?!

Pois eu, em verdade vos digo: a formação do bom caráter dos filhos! Pra eles, tudo isso ajudava a formar a nossa boa índole; formava nos pequenos seres a ideia de causa e conseqüência (criança arteira = dor), o respeito à ordem dos mais velhos (choro = mais chinelada) e a concepção de que cada um carrega a cruz que lhe cabe (33 tampas de joelhos e cotovelos arrancados = abstração da dor em 33% a mais em relação aos menos acidentados da turma).

Em suma, digo que o meu caráter e o do pessoal que foi criança nos anos 80/90 foi moldado pela dor. E acho um absurdo que hoje em dia o Merthiolate seja em spray e não arda! É por isso que tem esse monte de pessoinhas coloridas que amam tudo e a todos. Como assim, meu querido?! Ninguém ama todo mundo, ninguém é feliz o tempo todo! Bando de psicopata em potencial, socorro!


sexta-feira, 16 de março de 2012

Sexo de cabeceira

Esses dias um amigo perguntou com qual frequência penso em sexo. Isso me levou a refletir imediatamente sobre as minhas leituras escolhias para este verão e cheguei à conclusão de que foram atos falhos.

Um dos livros, Vale Tudo de Nelson Mota, fala sobre a vida de Tim Maia. Terminei de ler neste mês. No meio da paisagem carioca, entre loucuras, bauretes, estratégias e muita música, a vida particular de Tim resumiu-se ao talento único, às viagens, à dor de corno, procura por amor e às investidas sexuais ora bem sucedidas mas, em geral, não muito dignas de serem imortalizadas. O livro é muito sexo: mesmo sem ter muito sexo.

O outro livro, Mau Humor de Ruy Castro, chamo carinhosamente de “Manual de Boas Maneiras,” enquanto algumas de minhas amigas dizem que ele serve para aprimorar meu já característico humor ácido. Trata-se de um apanhado de frases célebres de teor sarcástico acerca dos mais variados assuntos comuns à humanidade. Eis que, casualmente (ops!), na semana em que meu amigo me perguntou qual a incidência do sexo nos meus pensamentos, chego ao verbete “sexo” no Mau Humor. Resolvi compartilhar algumas de minhas frases preferidas sobre o tópico:

O sexo é uma piada de Deus às nossas custas. – Bette Davis
A pior coisa do sexo oral é a vista. – Maureen Lipman

Trepada adiada é trepada perdida. – Millôr Fernandes
Quando a mulher sabe que é bonita e gostosa, junta a fome com a vontade de ser comida. – Ivan Lessa
Todo o corpo é um órgão sexual. Com exceção, talvez, das clavículas. – Luis Fernando Veríssimo
Uma vantagem da masturbação é que você não tem de se vestir para ela. – Truman Capote
(Sobre o pênis) Que seja infinito enquanto duro – Vinícius de Moraes
Se todos conhecessem a intimidade sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria ninguém. – Nelson Rodrigues
Sexo é hereditário. Se seus pais nunca fizeram, você também não fará. – David Drew Zingg
Na mulher, o sexo corrige a banalidade; no homem, agrava. – Machado de Assis

Aguardo avaliação psicografada de Freud sobre minhas preferências literárias deste verão.


terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A obrigatoriedade de ser feliz... eca!

Ai, coisa chata!

Já notaram que ser feliz é quase um atributo a ser incluído no currículo? Qualquer dia desses, quando fores fazer uma entrevista de emprego, vão perguntar pra ti: “Digita rápido? Ok. Domina os aplicativos que a empresa manipula? Ótimo. É organizada? Hummm. Fala três idiomas? Ok. Experiência no cargo? Ceeeerto... E feliz, tem experiência em felicidade? É feliz atualmente? Acordou feliz hoje? Mas é feliz meeeeesssmo? Aaaah, que peeeena, estamos com vagas abertas para pessoas do tipo Smurfs. Volte quando abrirmos vagas para Garoto Enxaqueca, por favor”.

Essa urgência da felicidade, essa ânsia de ser feliz agora, nesse minuto! Ano Novo: tem que festejar. É Carnaval: tem que estar feliz. Aniversário: felizaaaço!!! Acho isso tudo muito artificial. Pessoas artificiais me irritam profundamente. Gosto de pessoas normais.

Pessoas normais choram, xingam, excomungam! Pessoas normais acordam mal humoradas vez que outra (tá, no meu caso, sempre...), falam palavrão pra caráaaaa... quando batem o dedinho na quina da cama, ficam nervosas, ansiosas, preocupadas, insatisfeitas. Pessoas normais passam por altos e baixos, e, por isso, são capazes de apreciar os momentos de felicidade em todos os seus detalhes.

Tenho aprendido na yoga (sim, Pequeno Gafanhoto procurando evolução espiritual) que felicidade já é uma coisa que nos pertence, está no ar. Basta estendermos a mão e a apanharmos. Escolhemos ser felizes ou infelizes, mas isso é um processo. Apanhar a felicidade sem que ela escape é uma construção, precisa de solidez.

Filosofias à parte, o ponto é que pessoas felizinhas, perfeitinhas demais, não existem. Desculpa, não compro esse produto: coisa chata se todo mundo fosse perfeito, eu gosto é dos defeitos, eles que particularizam as pessoas! Defeitos deixam as pessoas engraçadas, singulares, inesquecíveis! Sim, sou inesquecível, já sei... Não, não foi um autoelogio...

Aliás, falando em felicidade urgente e pessoas perfeitas/imperfeitas, passei a gostar muito mais da Sandy depois que li a declaração dela na Playboy. E voltei a achá-la muito monga quando ela disse que a declaração estava fora de contexto. Êeeee, pessoinha perfeita felizinha mais chata do mundo! Torço tanto pra que ela dê o c*** de verdade... Pronto, falei!
Beijo grande, e sejam felizes nesse Carnaval!

Eis o retrato genuino de um dos melhores momentos de felicidade que já presenciei de um Homo Sapiens.
E quem será o Wally? Resposta escondida na própria foto, quem será o primeiro a descobrir?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Como não dar uma notícia de verão

Verão. Janeirinho. Dona Veranica. No restaurante.

Noite bonita, lua cheia na lagoa, brisa leve. Dona Veranica resolveu dar uma chance a Janeirinho. Afinal, estava se despedindo daquela cidade, então, optou por passar seus últimos dias ali em uma companhia que sabidamente gostava dela. Sem sobressaltos. Sem expectativas. Segurança de um rolinho tranquilo.

Janeirinho vinha desde dezembro espreitando a dona da estação e, quando chegou seu mês, ficou radiante! E tudo corria bem para ambos, mesmo que Janeirinho desse indícios de que gostaria de se tornar o outono de Dona Veranica, talvez o inverno também... De qualquer forma, corria tudo bem. Até aquela noite.

Resolveram aproveitar o agradável luar em um restaurante à beira da praia, para depois decidirem o prolongamento da noite. Boa comida, boa bebida, ambiente agradável. Assuntos diversos. Janeirinho não era muito hábil com as palavras, podendo ser ele considerado como a representação do aluno que aprendeu o português com a nova cartilha do MEC – obrigada, Fernando Haddad! Mas, Dona Veranica não se atinha a este “detalhe”, pois sabia que janeiro seria apenas um dos 11 demais meses do ano. Então, continuava conversando, tentando ignorar os gerundismos, os comentários preconceituosos e a total falta de conhecimento de Janeirinho acerca das palavras formadoras de indivíduos sensíveis.

Inexplicavelmente, começaram a falar sobre etapas de vida, conquistas, projetos pessoais. Dona Veranica viu aí uma rara oportunidade para desenvolver um diálogo, ao invés de ser mera expectadora de um monólogo – tão instigante quanto uma entrevista da Marília Gabriela.

Janeirinho: Tenho pensado muito nisso de me estabelecer. Mesmo que não seja na minha área, mas preciso ter meu negócio. Depois, com o tempo, juntando uma grana, posso pensar melhor em voltar a atuar na minha formação.
Dona Veranica: É, nem sempre dá pra fazer o que se gosta. Enquanto isso, não dá pra ficar parado.
Janeirinho: Penso muito nisso por causa do que falamos uma vez também: quero ter família, quero dar boas condições pros meus filhos, enfim... E pra isso, não dá mais pra ficar na utopia. Tem que começar agora.
Dona Veranica: Não sabia que pensavas assim tão em longo prazo, de uma forma tão planejada. Sempre te vi como um cara mais festeiro.
Janeirinho: Pois é, as coisas mudam.
Dona Veranica: Que bom, não é? Mudar pra melhor é bom.
Janeirinho: Mas e tu, deixas a cidade e tens planos? De trabalho, família...? A gente tem que pensar como vai fazer pra se ver depois...
Dona Veranica: Não planejei muito essa etapa...
Janeirinho: Masssss eeeee... tu pensas em ter a tua família, não é?
Dona Veranica: Claro, sem dúvidas, mas agora preciso pensar em mim. Posso ter família quando eu estiver mais estabilizada, não achas? Ainda tem tempo.
Janeirinho: Pois é. Concordo. Mas nunca te aconteceu de conheceres alguém que já estava adiante nesse sentido? Tipo... alguém mais velho, ou com filhos...?
Dona Veranica: Na verdade, não. Óbvio que quando gostamos de alguém, isso não faz tanta diferença, ou não é decisivo. Eu acho... Mas, conscientemente, podendo escolher, obviamente escolho não me envolver com alguém que já tenha família formada. Além dos filhos vem a ex de presente! Muita complicação, não achas...?
Janeirinho: É... tens razão.
Dona Veranica: E ainda tem a questão das prioridades. São outros planos. Etapas diferentes de vida entre essas duas pessoas. É melhor ficar com alguém que esteja em uma etapa mais próxima à tua, não achas?
Janeirinho: É, né...? Realmente, são etapas diferentes.
Dona Veranica: Não tenho preconceito, massssss, podendo escolher racionalmente... prefiro alguém que esteja mais próximo à minha realidade, aos meus planos.
Janeirinho: Então... eu acho que estou nessa etapa.
Dona Veranica: Como assim? Nessa minha, dos planos?
Janeirinho: Também. Mas talvez uma mais adiante: nessa de já ter uma família.
Dona Veranica: ... (olhos esbugalhados)
Janeirinho: Pois é, descobri que vou ser pai.

Naquele ano, o mês de janeiro também teve 28 dias e o verão foi mais curto. Dona Veranica mudou de hemisfério, já tardava a hora de levar seu calor a outros lugares. Afinal, era chegada a hora do mês do Carnaval...