quarta-feira, 13 de abril de 2011

Perdas e ganhos

Levanta a mão aí quem já perdeu um guarda-chuva!
Muito bem... público grande - eu, particularmente, nunca perdi; geralmente estrago todos antes de conseguir chegar na etapa da perda. Permanece com a mãozinha no ar quem já perdeu a hora. Agora aguenta mais um pouquinho: quem já perdeu uma roupa? A bonitinha ali, de cabelos presos: perdeu ou não perdeu?! Tá valendo o empréstimo que foi e não voltou praquela amiga mimosa... ah, muito bem, maior adesão. E quem já perdeu um bichinho de estimação? Ok, nem todo mundo teve um bichinho... reduzimos os braços altos (e as cãimbras do pessoal com mais de 26 anos). E um travesseiro: alguém já fez a proeza? É... menor índice de levantamento de braços.
Alguém por aí já perdeu um pedaço?
Ando procurando uns pedaços meus por aí, e tinha curiosidade de saber quantos braços ficariam erguidos com o meu... felizmente os guarda-chuvas são mais desprezados do que os pedaços. Exite um pedação meu que partiu já faz algum tempo. Mas é impressionante como o tempo, ao contrário do que diz o chavão, não cura tudo. Ele amortiza, traz a reflexão, às vezes até o entendimento, mas a cura nem sempre vem com ele. No máximo um curativo, uma suturinha... às vezes até uma plástica! Em alguns casos, o tempo não traz de volta... ao contrário, leva pra mais longe.
Começo blogueando (what?!) para um pedaço meu. Ele não volta. Não sei se vai ler o que escrevo, não sei se vê o que eu vejo, se sabe o que eu sinto... mas devo uns minutinhos a ele, pela vida que ele compartilhou comigo.
Foi meu guarda-chuva nas tempestades dessa vida - louca vida, vida breve! Emprestava o tempo dele pra me dar atenção. Não era como a roupa mais bonita, mas equivalia àquela mais confortável - quanto mais velha, melhor. Meu abraço de urso nas conquistas. Meu travesseiro, pra chorar baixo ou sonhar alto.
Muitas vezes, perdemos coisas e pensamos no valor delas quando não as encontramos mais ou, quando temos de substituí-las. Ou, nem pensamos no valor das coisas: vamos aproveitar e trocar tudo. Mais cedo ou mais tarde, tocamos a vida, compramos outra blusa, vamos até o centrão e pagamos R$5,00 por um outro guarda-chuva qualquer, negociamos com o chefe novos prazos, compramos um peixe no lugar do cachorro... acertar no travesseiro é difícil, mas vamos testando e uma hora achamos um bom, ou melhor do que o antigo.
Com pessoas não é tão simples. Geralmente, quando alguém se vai, pensamos no vazio que ficará. Sentimos, sem conseguir por em palavras. É dor física e dor de alma. É corte - será que vem daí a expressão "partiu"?
O tempo, hoje, trouxe pra mim o entendimento de que uma parte foi perdida, mas que eu também ganhei muito: cantar parabéns rápido pra comer logo o bolo; montar e desmontar o kart; subir no cão policial fingindo que é cavalo (pobre Laika); encher os tênis de pega-pega; ser corrida a tiros de espingarda de terra alheia; comer churrasco até passar mal; ligar pra pedir um conselho na madrugada; sair de casa arrumada e voltar sem fazer festa nenhuma; sentir o vento na praia; dar risadas impróprias; acampar na chuva; combinar aquela viagem que nunca sai; compartilhar o silêncio de quem não precisa falar nada pra se sentir à vontade, porque pra isso basta estar perto, junto... É por isso que tento não deixar a dor da perda ficar acima da felicidade de ter ganho muito ao lado dele.

É pro meu irmãozinho de coração que escrevo. Obrigada pelos vários pedaços de alegria que construímos juntos!

Somewhere over the rainbow, a gente toma aquele chimas!!

4 comentários:

  1. Oi amiga..finalmente arrumei tempo pra comentar no teu blog! Bem vinda ao mundo dos blogueiros (rsrsrsrs)!!
    Lindo texto, inspiradíssimo, inspirador....fiquei aqui me sentindo uma BAITA privilegiada, por ter todos que realmente amo ao meu lado, por ter tanta gente especial comigo. Ainda não partiram, ainda não me partiram... obrigada por compartilhar e dar exemplos!!
    Força!! Pra cima!! Além e avante!!
    A gente ainda tem muito caminho e é tudo ladeira!!

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  2. Oi Nanda! Lindo, lindíssimo...
    Eu olho na prateleira e falta alguma coisa. Eu olho de novo e não está mais lá. Sinto falta, sei que não volta mais pra lá. Não me acostumo com a falta, mas na prateleira eu posso por outra coisa lá. Na vida não. Infelizmente na vida, precisamos olhar para os nossos espaços ocos, vazios por aqueles que se foram, sem a esperança de poder preenche-los. Apenas temos de olhar para quele espaço vazio e enxergar a beleza e as lembranças daquele que ali estava. Isso pelo menos nos conforta. Um grande beijo minha lindinha.

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  3. Fernanda,sei do carinho e da amizade que voces nutriam.E foiuma amizade que venceu o tempo,as separações.
    Ele sempre gostou muito de ti,e sei que ama-a ainda mais de onde ele está.
    Obrigada por esse carinho.
    Beijos

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  4. Está lindo amiga, ele está orgulhoso de ti... Ao meu ver, ele fica feliz quando tu sorri ao lembrar dos momentos juntos, quando tu sentes um carinho imenso... Mas imagino que fique triste ao ver que a partida te deixa assim, despedaçada.
    Nunca vou me esquecer do que disse a viúva daquele meu dentista (que tu deves lembrar da triste história): "quando tu partiste, perdi parte do meu coração, e eu daria todo o resto para te ter de volta." ele deve estar lá te olhando e tentando te entregar a cada dia esses pedaços, para que não haja mais sofrimento e que ele vire uma linda lembrança, apenas com saudades, com amor e carinho...
    Obs: eu também estou muito orgulhosa da tua homenagem a ele, e chorando... muito...
    Nina

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